quinta-feira, 24 de abril de 2014






Os quilos de sobra literalmente pesam nas articulações, gerando incômodos. Mas existe outro elo bem menos conhecido entre o excesso de gordura e as sensações dolorosas. E acredite: ele tem a ver até com o câncer.
Dá para dizer que, até pouco tempo atrás, a física era a única área da ciência que explicava a relação entre sobrepeso e desconforto. Afinal, uma barriga proeminente, devido á agressão enviando sinais nada agradáveis ao cérebro.
Essa tese com base nas leis da mecânica justifica o dado de que obesos correm um risco sete vezes maior de sofrer com osteoartrite no joelho – uma chateação que surge quando a cartilagem não suporta mais tanto impacto e cede, provocando um contato direto e extremamente aflitivo entre os ossos.
Por outro lado, tal lógica não nos faz entender uma relação observada por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos. Após acompanhar 15.533 pessoas por mais de 20 anos, eles mostraram que o excesso de peso aumenta a incidência e a intensidade de problemas como a gota ou artrite reumatoide, que não dão as caras por causa de atrito.
“Esses transtornos se desenvolvendo devido a processos inflamatórios. E a obesidade, por si só, resulta em inflamação generealizada”, diz Sebastião Radominski, reumatologista da Universidade Federal do Paraná.
Explica-se: as moléculas gordurosas se alojam nos chamados adipócitos. “Essas células, em quem está em forma, produzem hormõnios e até anti-inflamatórios naturais na medida certa”, ensina Cláudia Cozer, endocrinologista da Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade e da Síndrome Metabólica, em São Paulo. “Mas, quando há gordura demais, o tecido adiposo passa a fabricar substâncias com potencial inflamatório, a exemplo da interleucina-6″, contrapõe o também endocrinologista Márcio Mancini, do Hospital das Clínicas de São Paulo.
O pior é que esse incêndio dentro do organismo não afeta apenas a articulações. “Uma inflamação crônica acelera inclusive a evolução de certos tumores. E há até uma hípótese de que ela poderia transformar células normais em cancerosas”, avisa Michael Karin, biólogo da Universidade da Califórnia, nos Estados Unidos.
Felizmente, esses efeitos são, ao menos em parte, revertidos quando a barriga diminui. As dores são atenuadas e o tumor fica menos agressivo – ás vezes, os males nem sequer aprecem porque a pessoa emagreceu. Logo, com mudanças de hábito dá para evitar os desconfortos e curtir uma vida saudável por muito tempo.

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